Ano 01 nº 18/ 2020: A Internet e as Tecnologias Informatizadas na Era da Globalização Neoliberal - Adriana Marinho

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Mundo acadêmico ...

 

A INTERNET E AS TECNOLOGIAS INFORMATIZADAS NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL

 

 

Adriana Marinho

Graduanda em História - USP

 

Com o ocaso da União Soviética e do socialismo real, disseminou-se internacionalmente uma ideologia apoiada na concepção de “fim da História”, a partir da retomada do conceito hegeliano por parte de Francis Fukuyama, principalmente. Acreditava-se que a História teria atingindo não só a sua finalidade, mas também o seu epílogo, haja vista que o capitalismo teria vencido a Guerra Fria e não haveria outro caminho a ser seguido. Tais posições manifestaram-se no entendimento do fenômeno tecnológico, na medida em que a sociedade digital passa a ser tomada como um reino paradisíaco que havia suplantado a luta de classes. Na esteira dessa concepção, a década de 1990 é marcada pela hegemonia dos chamados cibertopistas, entusiastas do desenvolvimento tecnológico compreendido nesses termos. Ao contrário, a partir dos anos 2000, verifica-se a ascensão de um pessimismo frente ao modo como as redes digitais influenciavam a humanidade, sendo a maioria de seus adeptos fatalistas – para eles, tudo caminhava a um futuro distópico, dominado pela internet.

Em Por uma outra globalização, Milton Santos demonstra as bases sobre as quais se estabelece a internacionalização do sistema capitalista. Para o autor, o fenômeno da globalização consolidou-se a partir do final do século XX, com o avanço das técnicas da informação enquanto resultado da Guerra Fria. Santos defende que a globalização é uma lógica perversa caracterizada pela internacionalização dos mercados através de técnicas altamente avançadas. Essa constatação insere-se numa estrutura argumentativa por meio da qual o autor se dedica a analisar a globalização em si, o modo como a ideologia a transforma numa fábula, que acaba se impregnando no conjunto das sociedades e, por fim, como poderia ser subvertida em um mundo mais justo.

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Fonte: https://outraspalavras.net/outrasmidias/internet-rede-da-cidadania-ou-d…

Assim, no segundo movimento proposto por Santos, podemos localizar os defensores do desenvolvimento tecnológico consolidado na virada do século, bem como de seu papel articulado à globalização. No que diz respeito a isso, o autor aponta para a existência de uma máquina ideológica que assegura e legitima a atuação dos atores hegemônicos da globalização. Essa máquina nos faz crer, por exemplo, que a difusão da informação, em maior escala e de maneira instantânea e global, acaba por realmente informar o conjunto da população mundial – o que é uma dissimulação, haja vista o controle midiático por parte de corporações imbuídas de interesses particulares.

Milton Santos observa que a peculiaridade da técnica em sua manifestação contemporânea se expressa na capacidade que ela tem de envolver o planeta como um todo, alcançando a totalidade dos territórios. Esta é uma situação sem precedentes, na medida em que até então havia técnicas hegemônicas e não hegemônicas, ao passo em que agora a técnica hegemônica subordina todas as outras. Por conseguinte, o sistema técnico dominante, assim como seus operadores – os atores hegemônicos, ou as empresas globais –, têm a vocação de serem invasores e de se expandir territorialmente. Nesse sentido, o autor se aproxima da tese de Rosa Luxemburgo de que o Capital tem por necessidade estender seus tentáculos por todo o globo terrestre. Evidentemente, sabemos que Luxemburgo não foi confrontada pelo advento da tecnologia da informação, mas talvez seja interessante especular até que ponto ela poderia se constituir como um novo meio de acumulação de Capital nos termos propostos pela autora.

Não obstante suas características perversas no arranjo global contemporâneo, Milton Santos enxerga uma potencial utilização da técnica informatizada para outros fins, em se tratando do âmbito sobre o que deveria ser a globalização, de acordo com sua interpretação. Dessa forma, temos que a técnica, no que tange ao seu significado substancial – transcendendo sua forma histórica capitalista –, é vista como algo que, para se realizar historicamente, tem de ser combinada com a política. Por conseguinte, no que se refere ao período histórico analisado, o autor conclui que o mercado global – em virtude das desigualdades e mazelas estruturais do sistema capitalista – se utiliza do avanço tecnológico para fins perversos, imprimindo um caráter vil à globalização. No entanto, seu uso político poderia ser diferente e essa inversão deveria ser estimulada já que, para ele, as novas tecnologias contribuíam, como nunca, à facilitação da vida e à felicidade dos seres humanos. Ademais, o autor defende a capacidade inventiva dessas técnicas informatizadas, em contraste com as máquinas modernas.

No que concerne à questão sobre o que fazer com a materialidade técnica capitalista na transição a uma nova sociedade, livre da propriedade privada, talvez caiba remeter, brevemente, a um importante debate do movimento operário na modernidade. A crítica dos comunistas de esquerda – com destaque para Nikolai Valerian Osinski – à burocratização leninista, bem como à construção de um “Capitalismo de Estado”, passa por essa temática. Osinski opunha-se à concepção leninista de que o sufrágio universal e a remuneração igualitária dos operários alterariam qualitativamente o Estado, dado que tais trabalhadores continuassem ligados à máquina capitalista – que passaria da propriedade privada ao controle do Estado. Osinski defendia que a tecnologia capitalista não era neutra – em sua visão, a técnica e a ciência capitalistas não produziam apenas valores concretos de uso, mas continham em si o fundamento da produção de valores de troca, a partir do uso mais eficiente da força de trabalho. Nesse sentido, o projeto leninista transformaria os agentes do estado em “senhores capitães da indústria” e minaria o poder dos trabalhadores do chão de fábrica1.

Muito embora o debate elucide o problema, não se pode afirmar que Milton Santos fazia coro com essa concepção leninista ao defender a potencialidade das novas tecnologias. Primeiro porque, ainda que possamos tomar como questionável, o autor faz uma distinção entre as técnicas da informação e as técnicas da maquinaria, atribuindo à segunda uma necessidade intrínseca de concentração de capitais, o que não se verificava com as tecnologias informatizadas. Em segundo lugar, o geógrafo analisa, à luz dos acontecimentos, justamente o período de eclosão dessas tecnologias e de suas articulações à globalização. Isto é, teria Milton Santos o mesmo posicionamento se pudesse verificar, nos dias de hoje, os fenômenos de “uberização” e precarização do trabalho decorrentes do avanço tecnológico do sistema capitalista – ou ainda os mecanismos de espionagem de potências estatais, aliadas a empresas privadas, através da internet?

Internet

Posto isso, podemos avançar a um período mais próximo. Atualmente, quando se fala em internet, é comum pensarmos nas benesses expressas na possibilidade de comunicação e obtenção de informações em tempo real e sem quaisquer fronteiras territoriais, através de um dispositivo pequeno que podemos carregar no bolso. Nesse sentido, o discurso hegemônico acerca da internet é aquele que a considera uma facilitadora das nossas atividades cotidianas, além de garantidora de um altíssimo desenvolvimento produtivo que elimina cada vez mais a necessidade do trabalho manual. A crítica que costumamos ouvir, parte do princípio de que nossa atual relação com a internet tem contribuído para o esvaziamento das relações interpessoais entre os sujeitos na vida vivida, isto é, na vida real off-line. Não é uma inverdade. No entanto, o problema parece ser mais profundo em sua base material.

É possível dizer que a internet, enquanto peça indispensável à lógica capitalista globalizada, funciona segundo os termos da dialética de inclusão e exclusão intrínseca ao Capital – na medida em que formalmente deveria existir para todos enquanto um direito e, na realidade, encontra-se concentrada onde é interessante para o mercado global. No documentário Freenet, de Pedro Ekman, vemos uma ilustração concreta dessa relação. A narradora nos diz que, em grande parte do Sul Global, as pessoas não têm acesso à internet e, em seguida, mostra alguns casos2. Destaca-se o exemplo dos bairros Morumbi e Paraisópolis, geograficamente unidos lado a lado, e socialmente extremamente distantes. O filme nos mostra o problema enfrentado por algumas moradoras de Paraisópolis para conseguir acesso à internet. O serviço é caro, sem muitas opções, e o sinal oscilante. Naturalmente, o mesmo problema não ocorre ao lado, no Morumbi. Chama a atenção o relato de uma das moradoras que diz não “querer ser rica”, mas que a internet se tornou uma necessidade – por exemplo, para o filho fazer trabalhos escolares. Essa passagem nos esclarece, pungentemente, que o acesso à internet deve ser entendido como um direito, a despeito das mazelas que ele acaba por causar, como veremos a seguir.

O documentário demonstra ainda uma outra face do problema, vinculada ao papel do Estado. Na comunidade de Caramuri, interior do Amazonas, o acesso à internet era extremamente precário, já que não era alvo de interesse das grandes companhias operadoras. É interessante que, ao ser entrevistado, um representante de uma operadora menor – que acaba por instalar as torres de transmissão na comunidade – reclama da cooperação, concessões e isenções de impostos do Estado para com as grandes empresas, ao passo que companhias como a dele não são incentivadas. Ou seja, também – e de maneira especial – no que tange à internet, vemos manifesta uma situação sistêmica da globalização, em que os Estados capitalistas das periferias do Globo fazem concessões a grandes empresas transnacionais, de modo que possibilitam ainda mais a concentração de Capital nas potências hegemônicas e não levam em conta o bem-estar de sua população.

Após alguns escândalos internacionais, tais como a revelação pelo Wikileaks do esquema de espionagem americana, ou a coleta ilegal de dados pessoais de milhões de americanos pela empresa Cambridge Analytica em favor da campanha presidencial de Donald Trump, muito se tem comentado sobre a falta de privacidade nas redes sociais e o modo como isso pode ser nocivo. Em se tratando desse debate, faz-se necessário enfatizar que, conforme Pedro Ekman teve a preocupação de demonstrar em seu filme, o tráfego de informações da internet está monopolizado por um punhado de grandes corporações americanas centralizadas e de código fechado – de modo que o seu funcionamento é operado por essas empresas de forma arbitrária e não transparente. Decorre desse fato que não apenas não somos plenamente livres para falarmos e sermos de fato ouvidos na internet, como também a nossa privacidade é praticamente inexistente. Destarte, o que muitos acreditam ser o reino da liberdade, pode ser (e tem sido) usado como mecanismo de controle.

Em sua obra Cypherpunks – Liberdade e o Futuro Da Internet, mais especificamente no prefácio para a América Latina, Julian Assange nos traz importantes apontamentos acerca do problema da privacidade na internet, tendo em vista que trata da privacidade para além de sua acepção individual. Para Assange, a espionagem sistemática de cidadãos – tanto estadunidenses, quanto estrangeiros – pelo governo dos Estados Unidos, configura um problema geopolítico. Com efeito, essa espionagem constitui-se em um mecanismo altamente avançado, de que agora se utiliza a histórica política imperialista norte-americana sobre os países latino-americanos. Nesse sentido, a luta pela autodeterminação desses países deve ter em conta uma maneira de driblar o monitoramento imperialista – no que tange a isso, Assange advoga a favor da criptografia e dos ideais cypherpunks. O ativista defende, como é de se esperar, ocupar as trincheiras da internet na batalha contra o monopólio cibernético.

De modo semelhante, e muito embora seja também bastante pessimista, Evgeny Morozov aponta que a tecnofobia não é a solução e que não devemos rejeitar a inteligência artificial, revelando uma crença na possibilidade de se subverter essas tecnologias. A análise do autor está preocupada com as duas frentes do problema, tanto o imperialismo de Washington, quanto o neoliberalismo do Vale do Silício, não raro visto como o lado bom da internet – aliás, o autor aponta que o Vale do Silício tem dominado a maneira como entendemos a tecnologia, o que nos leva a crer na sua hegemonia no controle da máquina ideológica de que falava Milton Santos. Assim, Morozov defende que a luta contra a espionagem e a repressão não deve tentar combater um problema capitalista com mais capitalismo. No mais, não podemos nos deixar ludibriar com iniciativas como as da Uber e da Airbnb, que vestem uma roupagem de democratização de serviços, mas promovem trabalho precarizado e retrocessos no que se refere a qualquer tipo de regulação.

Na atual conjuntura, com o avanço da pandemia do novo coronavírus, algumas das questões aqui tratadas ficam mais evidentes. A partir da necessidade do isolamento social, as empresas têm adotado o regime de home-office, não apenas como uma opção momentânea, mas como laboratório para uma futura expansão desse tipo de trabalho no período posterior à pandemia. Nesse contexto, é comum nos depararmos com um discurso ideológico que apresenta o trabalho remoto, viabilizado pelas tecnologias informatizadas, como um facilitador da vida cotidiana do trabalhador, que não teria mais de enfrentar engarrafamentos, transportes públicos lotados, ou ainda pagar para comer fora. No entanto, é preciso e urgente que disputemos esse debate, enfatizando que esse regime de trabalho tem uma série de consequências nefastas à classe trabalhadora, na medida em que as empresas passam a adotar uma administração por metas cada vez mais rígida, em detrimento da jornada de trabalho definida pelo cartão de ponto. Disso decorre que a rotina diária do trabalhador, desde o despertar até a hora de dormir, passa a ser permeada pelas tarefas do trabalho, comprometendo as atividades de lazer e os momentos de descanso. Sem falar na questão da falta de relacionamento social, que pode levar a quadros depressivos, além de inviabilizar a organização coletiva dos trabalhadores – o que, por sua vez, reflete-se na dificuldade de mobilização e resistência à exploração cada vez mais acentuada.

Essa problemática não é nova: desde que o avanço tecnológico modificou as relações de trabalho promovendo a “uberização” e a precarização, tais questões já estavam colocadas. Entretanto, o coronavírus pode ter aberto um precedente ainda mais expressivo, do qual as empresas poderão se beneficiar futuramente, já que o trabalho remoto, bem como a falta de regulação que o acompanha, pode ser extremamente lucrativo – especialmente se os patrões não forem obrigados a arcar com os equipamentos, a internet, a conta de luz... enfim, toda a estrutura de trabalho que passa a se estabelecer na casa no trabalhador.

Ademais, a crise causada pelo coronavírus traz também à tona a falta de acesso à internet pela população mais pobre. Devido ao fechamento das escolas, recomendado pelos especialistas da saúde, tem-se adotado o ensino remoto para dar continuidade ao ano letivo. Também nas universidades, o ensino à distância passa a ser admitido em caráter provisório. Ocorre que nem todos os alunos possuem internet de qualidade e muitos dos que têm acesso à rede não possuem mais do que um aparelho celular, o que não garante as condições ideais de estudo. Também não é possível presumir que todos os professores disponham de tais condições, remetendo novamente à questão da estrutura de trabalho no regime de home-office. Embora a inclusão digital venha avançando no Brasil, os últimos dados do IBGE (2018) mostram que 1 a cada 5 lares no país não conta com acesso à rede de internet.

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A exclusão dos mais pobres do mundo digital tem ainda outras consequências no contexto atual: moradores de regiões em que não há sinal de TV e internet não conseguem se informar sobre a conduta a ser tomada diante do avanço do vírus. Dados recentes revelam que a Brasilândia, em São Paulo, é o distrito que concentra o maior número de mortes por Covid-19. Lá, uma parcela dos moradores costuma se dirigir a unidades básicas de saúde para obter informações. No mais, de modo geral, a população mais pobre também está com dificuldades de acessar o aplicativo da Caixa Econômica Federal para receber o auxílio emergencial aprovado pelo governo.

Marxdigital

1Uma reconstrução sistemática desse debate encontra-se em: FERREIRA, Fernando Sarti. A administração das coisas: apontamentos críticos ao processo bolchevique de socialização dos meios de produção. Revista Marxista Mouro, n. 12. São Paulo: Núcleo de Estudos d’O Capital, 2018, pp. 9-33.

2Dados da ONU revelam que, no continente africano, 75% da população não tem acesso a internet. Na Europa, a porcentagem é de apenas 21% da população. Outras informações disponíveis em: <https://nacoesunidas.org/artigo-internet-direitos-humanos/>. Acesso em: 27 jun. 2019.

 

Referências

ANDERSON, Perry. O Fim da História: de Hegel a Fukuyama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.

ASSANGE, Julian. Cypherpunks: Liberdade e o futuro da internet. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.

CAPETTI, Pedro. Artigo: Um em cada 5 lares no Brasil não tem acesso à internet, 29 abr. 2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/um-em-cada-5-lares-no-brasil-nao-tem-acesso-internet-24400200>. Acesso em: 30 abr. 2020.

FERREIRA, Fernando Sarti. A administração das coisas: apontamentos críticos ao processo bolchevique de socialização dos meios de produção. Revista Marxista Mouro, n. 12. São Paulo: Núcleo de Estudos d’O Capital, 2018, pp. 9-33.

MOROZOV, Evgeny. Big Tech: A ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu Editora, 2018.

PIOVESAN, Flávia; MUÑOZ, Lucien. ARTIGO: Internet e direitos humanos. Nações Unidas Brasil, 10 nov. 2016. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/artigo-internet-direitos-humanos/>. Acesso em: 30 abr. 2020.

SANTOS, Milton. Por Uma Outra Globalização: Do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/sugestao_leitura/sociologia/outra_globalizacao.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2020.

SOUZA, Cleber. Artigo: Covid-19: Sem recurso para celular ou TV, mais pobres sofrem sem informação, 27 abr. 2020, disponível em: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/04/27/sem-informacao-3h-para-socorro-covid-19-expoe-dramas-de-comunidades-em-sp.ht/?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 29 abr. 2020.

 


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