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GUERRA DO CHACO: 90 ANOS DO FIM DO MAIOR CONFLITO EM SOLO AMERICANO DO SÉCULO XX
Marcelo Pereira da Silva Bermann
Mestre em História Econômica - USP
Oficial paraguaio (à esquerda) e boliviano (à direita) se cumprimentam respeitosamente após o firmamento do acordo de armistício assinado em 12 de junho de 1935. Fonte: Academia Boliviana de Historia Militar
Era o ano de 1935. Na Europa, a influência do fascismo na política econômica e social crescia a passos galopantes. Na África, a Etiópia era invadida pela Itália de Mussolini. Na Ásia, no Extremo Oriente, o Império Japonês, já consolidado na Manchúria, preparava-se para avançar com seu projeto expansionista. Porém, na América, ocorreu um evento que foi na contramão da escalada de belicismo que eventualmente levou a humanidade à Segunda Guerra Mundial. A Guerra do Chaco foi interrompida por um tratado de cessar-fogo assinado em junho daquele ano.
Oficialmente, o conflito foi travado entre o Paraguai e a Bolívia, mas seus bastidores envolveram antagonismos geopolíticos entre Brasil e Argentina, bem como interesses da petrolífera estadunidense Standard Oil e da britânica Royal Dutch Shell. A contenda chegou a pressionar também o Chile, o Peru e a Colômbia, sendo sua expressão mais perigosa a Guerra Peruano-Colombiana de 1932, também conhecida como Questão Letícia. Entre os mobilizados, fora as populações boliviana e paraguaia, estiveram missionários canadenses, oficiais da Alemanha e do Exército Branco russo, voluntários e militantes antibélicos de diferentes países da América Latina e da Europa, além de dezenas de comunidades autóctones. Tratou-se, assim, de uma guerra que transcendeu as questões nacionais de sua origem, inserindo-se em processos amplos de caráter internacional.
O legado deste conflito que ceifou a vida de aproximadamente 100 mil pessoas[1] é profundo tanto na Bolívia quanto no Paraguai, e se estende para além dos dois países. O foco deste artigo é analisar como o cessar-fogo deu suas formas e apontou seus caminhos.
O contexto no qual a guerra parou
No início de 1935, o Paraguai já tinha tomado praticamente toda a região do Chaco Boreal após várias campanhas militares bem sucedidas. Entretanto, sua capacidade de financiamento e de avanço demonstravam sinais de exaustão. A tomada dos poços de petróleo bolivianos localizados no distrito de Santa Cruz, a partir das margens orientais do rio Parapeti, compensaria os imensos gastos com a guerra. Tal era a visão do comandante maior do Exército Paraguaio, José Félix Estigarribia, bem como do governo argentino[2].
Este projeto foi frustrado por uma poderosa contraofensiva boliviana, planejada especificamente para barrar o avanço inimigo até os poços. As tropas paraguaias lideradas pelo coronel Rafael Franco dispunham de maior apoio na retaguarda, vindo dos povos Guarani da região, e de informações privilegiadas do serviço de espionagem argentino. Já os destacamentos bolivianos do coronel David Toro tinham mais efetivos, além de contarem com o conhecimento geográfico[3]. De janeiro até junho, os paraguaios foram gradativamente empurrados de volta às margens ocidentais do Parapeti. Um recuo de 100 km que, no entanto, possibilitou a manutenção da maior parte do contingente[4]. O major paraguaio Alejandro Sienra afirma, com base nisso, que os resultados decepcionantes da breve incursão paraguaia em território boliviano não foram fatores decisivos para a guerra ser encerrada[5].
Conforme o general boliviano Juan Antonio Osorio, depois do recuo paraguaio, não havia mais gasolina para abastecer seus carros-tanque[6]. Com o moral elevado, havia a expectativa dos comandantes bolivianos de reagrupamento de forças e um processo de retomada dos territórios chaquenhos. Tal expectativa foi reforçada pela suspensão do embargo de armas à Bolívia pela Liga das Nações, passada para trás pelos esforços argentinos de protagonizar as tratativas de paz e temerária pela corrida pelo petróleo[7]. Em suma, mesmo que ambos os exércitos tivessem sofrido enormes baixas, possuíam condições mínimas para prosseguirem com operações bélicas.
Entretanto, havia pressão política e social pelo fim da guerra, cada qual representando seus respectivos interesses de classe. Por um lado, o inicial furor nacionalista que tomou conta da população paraguaia dava lugar à crescente revolta em matar e morrer por interesses argentinos[8]. Por outro lado, a população boliviana, desde o começo muito mais coagida do que convencida a aderir ao conflito armado, estava exausta de uma guerra alienígena que só vinha lhe causando sacrifícios e desilusões[9]. Ambas as populações, a essa altura, estavam mais suscetíveis do que em 1932 às agitações comunistas e anarquistas antibélicas[10].
Politicamente, na Bolívia, Daniel Salamanca havia sido deposto em 1934, ocupando o poder em seu lugar uma junta militar ligada aos liberais. Estes, ao contrário dos republicanos de Salamanca, eram mais favoráveis ao pacifismo[11]. Na Argentina, com as intenções de fragmentação do território de Santa Cruz de la Sierra frustradas, e frente ao esgotamento paraguaio e à possibilidade de virada de jogo para a Bolívia, calculou-se o seguinte: valia mais a pena resolver o impasse pela via diplomática enquanto o Paraguai dispusesse do controle militar sobre o Chaco, do que insistir em uma cada vez mais arriscada aposta na via armada[12].
E no Brasil, o projeto de tornar o país uma potência continental e barrar o avanço argentino nesse sentido, seguia sendo praticado. Contudo, aumentavam-se as possibilidades do conflito arrastar-se para um embate direto com a Argentina. Essa foi uma preocupação constante desde o início da Guerra do Chaco, dentre outros motivos, pelo estímulo que ela deu às principais agitações internas contra o governo emergido da Revolução de 1930[13].
Assim, pressões sobre as chancelarias do Paraguai e da Bolívia partiram de Buenos Aires, do Itamaraty e do próprio Getúlio Vargas. Foi acordado que todas as discussões, desde a troca de prisioneiros até a delicada questão territorial, ficariam para a conferência de paz a ser realizada em Buenos Aires[14]. À revelia de setores militares de ambos os países beligerantes, e para o alívio dos soldados e a alegria de populações em todo o continente[15], o acordo de armistício foi assinado em 12 de junho de 1935. E a chance do Exército Boliviano de tentar reverter a situação de triunfo paraguaio sobre a posse da área disputada não foi aproveitada.
A paz que resultou do cessar-fogo
Com a interrupção da guerra, a ruína na economia e a instabilidade e desorganização no cenário político acometerem o Paraguai. O mesmo cenário existia na Bolívia[16]. E ao longo dos três anos de duração da Conferência de Paz de Buenos Aires, ambos foram reduzidos a meros coadjuvantes. As decisões a respeito das nações conflitantes e arrasadas foram tomadas pela Argentina, pelo Brasil e pelos Estados Unidos. Além disso, o fantasma da retomada dos confrontos pairou durante toda a conferência.
A terceira cláusula da terceira parte do acordo firmado em 12 de junho de 1935 determinou:
A obrigação de não se fazer novas aquisições de material bélico, apenas o indispensável para a reposição, até o firmamento do tratado de paz.[17]
Tal determinação não demorou para deixar de ser cumprida[18]. Os já mencionados coronéis Rafael Franco e David Toro lideraram golpes militares em seus respectivos países, no ano de 1936. No lado paraguaio, havia a insatisfação com os recuos impostos pela Argentina a fim desta assegurar melhores acordos ferroviários com a Bolívia. E no lado boliviano, a negação em se aceitar a inferioridade estratégica, apesar do maior contingente de soldados e de força aérea[19]. No entanto, os regimes de Franco e de Toro mal conseguiram estabilidade e coesão interna para sobreviver por mais de três anos. Nesses contextos, retomar a empreitada da guerra se mostrou impossível[20].
Mas o impedimento da Guerra do Chaco ser reiniciada, tanto durante as tratativas de paz quanto após, não se explica apenas por questões políticas. Apesar de estarem à mercê de décadas de discursos oficiais ufanistas, as mentalidades populares rejeitaram o ódio mútuo e o revanchismo. Isso tem se mostrado em diversas manifestações públicas dos povos boliviano e paraguaio, da música à literatura, de relatos de sobreviventes até, chegando aos dias de hoje, a comentários em publicações espalhadas pela Internet. O sentimento geral é de que, apesar do heroísmo dos combatentes, a guerra em si foi fratricida e sem sentido, motivada mais por defesa de interesses mesquinhos do que patrióticos.
Resumidamente, é possível aferir que havia, no ano de 1935, uma corrida sul-americana para encerrar a Guerra do Chaco, e duas vertentes de análise sobre o conflito. Um era o burguês, “sem o qual seria impossível a guerra, pois no regime capitalista, do qual ambos são aspectos, a paz prepara a guerra”[21]. O outro era o socialista, disposto a “conquistar uma sociedade melhor tal qual os camaradas da URSS”[22], a “transformar a guerra, a serviço do imperialismo, em revolução, com caráter social”[23] e a “estendê-la a todo o continente”[24]. Nessa corrida, o primeiro triunfou no terreno político-militar sobre o segundo, que se encontrava desarticulado e sob ferrenha perseguição, mas que obteve louros nada desprezíveis no terreno sociocultural.
Dois depoimentos de importantes intelectuais que analisaram a Guerra do Chaco quando esta ocorreu, ilustram as respectivas linhas de pensamento dos tipos de pacifismo a respeito do cessar-fogo. Uma predominantemente idealista e outra materialista.
O primeiro é de Pizarro Loureiro, analista jurídico da disputa legal em torno do Chaco desde suas raízes coloniais:
O encerramento do conflito, graças a esse espírito de solidariedade continental que começa a se formar, teve a virtude de fortalecer a política de união e aproximação entre os povos deste hemisfério, pois se tratou de um feito concreto no qual colaborou toda a América, e de um acontecimento capaz de servir de ilustração positiva ao pan-americanismo até então retórico e convencional.[25]
O segundo é de Tristán Marof, uma das mais ferrenhas vozes críticas do litígio:
Não há tal paz, o que há é CAPITULAÇÃO. A Bolívia de joelhos aceita tudo, aceitará tudo. As condições são lamentáveis. (...) Não há tal paz. Há esgotamento, cansaço, amotinamento das tropas que se negam a combater. A fome, a miséria e a inaptidão dos Comandos impuseram a paz. (...) O Brasil levantou a mão quando Estigarribia se dirigia ao Oriente boliviano e a chancelaria paraguaia sonhava com a independência do rico departamento de Santa Cruz. (...) Esta é a paz com que se festeja com champanhe, tediosa e fedendo a sangue e petróleo! Linda paz de corvos, hienas e empresários![26].
O desenrolar dos processos históricos na América do Sul ao longo do Século XX e no início do XXI proporciona um balanço a respeito dos dois depoimentos. Na perspectiva de Loureiro, os esforços diplomáticos de fato evitaram a fragmentação territorial e a destruição mútua na América do Sul que tanto assolam outras regiões historicamente exploradas pelo centro do imperialismo (o que atualmente costuma-se chamar de “Sul Global”). Na perspectiva de Marof, no entanto, tais esforços, a serviço do próprio imperialismo, não bastaram por si só para acabar com as mazelas que fizeram a guerra eclodir em primeiro lugar, nem mesmo para amenizá-las.
A Guerra do Chaco foi encerrada em 21 de julho de 1938, com o Tratado de Paz, Amizade e Limites estabelecendo a divisão aproximada de 75% do Chaco Boreal para o Paraguai e 25% para a Bolívia. A partir de então, uma sucessão de guerras civis, revoluções e mais golpes militares sacudiram os dois países pelas décadas seguintes, e a exata definição fronteiriça só foi firmada 71 anos depois, em 2009. Foi necessário que ambos os países estivessem sob governos de esquerda (Evo Morales como presidente da Bolívia e Fernando Lugo do Paraguai) para que a última ferida latejante do sangrento litígio fosse enfim cicatrizada.
Conclusão
No ínterim entre os tratados de 1938 e de 2009, o Chaco Paraguaio permaneceu amplamente despovoado e pouco explorado economicamente, exceto pela extração da madeira quebracho, atividade já realizada no período anterior ao conflito. Tal cenário vem mudando no Século XXI, com a inauguração, em 2024, de uma ponte que conecta Assunção à região, simbolicamente nomeada Héroes del Chaco[27]. Mas o ecossistema da região encontra-se seriamente ameaçado. A causa é, principalmente, o avanço da monocultura de soja[28] e suas práticas de desmatamento e queimadas[29], que intensificam as mudanças climáticas. A solução para a região passa necessariamente por ações conjuntas entre os países que integram o bioma chaquenho: Paraguai, Bolívia, Argentina e Brasil (onde é mais conhecido como Pantanal).
Neste aspecto, a integração continental natural que o Chaco propicia enfim tem sido estimulada, com a construção da Ponte Bioceânica, prevista para ser inaugurada em 2026[30]. Porém, a América do Sul passa hoje por um período de novas e perigosas tensões internacionais com potenciais imprevisíveis. Algumas das mais recentes são entre o Brasil e o Paraguai[31] em torno da Usina Hidrelétrica de Itaipú[32], e entre o Peru e a Colômbia, novamente sobre o município de Letícia[33].
O decadente imperialismo estadunidense e seus aliados têm buscado eclodir processos bélicos de limpeza étnica, gentrificação e balcanização ao redor do mundo. Na Europa com a Guerra da Ucrânia, na África com a invasão ruandesa à República Democrática do Congo, e na Ásia, no Oriente Médio com os ataques israelenses ao povo palestino e a aliados estratégicos do Irã, e no Extremo Oriente com as provocações no Taiwan e entre as Coreias. Tal processo se aproxima da América do Sul[34], com o cerco à Venezuela e sua constante demonização só para citar um exemplo.
Diante das turbulências sociopolíticas e ambientais da contemporaneidade, urge um olhar mais atento da historiografia brasileira para o último conflito armado de grandes proporções no continente, que fez parte de outro período extremamente turbulento do capitalismo global. E uma vez que a pandemia de Covid-19 levou parte considerável dos veteranos do conflito[35], este aniversário pode ser um dos últimos a contar com viventes[36]. Felizmente, a memória permanece em expressões populares das gerações posteriores[37].
Bibliografia
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ZOOK JR, David H.. La conducción de la Guerra del Chaco. Assunção: Editora Lito, 1962.
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[1] 30.000 baixas paraguaias, 60.000 bolivianas, e em torno de 10.000 indígenas.
[2] Apesar da neutralidade nos discursos oficiais, a Argentina atuou como principal apoiadora e financiadora da campanha paraguaia na Guerra do Chaco, oferecendo desde recursos logísticos, evacuação de povos indígenas hostis, blindagem diplomática e até serviços de espionagem e sabotagem. Isso porque o Paraguai era, virtualmente, seu vassalo econômico desde a conquista da hegemonia política do Partido Liberal no país durante a década de 1910, após diversas guerras civis contra o Partido Colorado, mais alinhado com o Brasil.
[3] O calcanhar-de-Aquiles do Exército Boliviano durante praticamente toda a Guerra do Chaco. Contingentes andinos em solo predominantemente de selva tropical tiveram imensas dificuldades em se adaptar, enquanto os paraguaios, embora também tenho sofrido bastante com as condições adversas, estavam bem mais acostumados. A situação se inverteu em 1935, com tropas tropicais adentrando terras de ar cada vez mais rarefeito conforme avançavam.
[4] Mais detalhes a respeito da contraofensiva boliviana estão no capítulo VIII de David Zook Jr, La conducción de la Guerra del Chaco. Assunção: Editora Lito, 1962 e no capítulo XXV de Roberto Querejazu Calvo, Masamaclay: Historia politica, diplomatica y militar de la Guerra del Chaco. La Paz: Editorial Los Amigos del Libro, 1975.
[5] SIENRA, Alejandro. La Guerra del Chaco. Assunção: Editora Imprensa Militar, 1980, p. 292.
[6] OSORIO, Juan Antonio. Entretelones de la guerra del Chaco: Documentos básicos para el juicio histórico. La Paz: Editorial Don Bosco, 1973, p. 25-26.
[7] MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. “A Guerra do Chaco”. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 41, n. 1, Brasília, jan./jun. 1998, p. 182.
[8] Cf. Idem, p. 26.
[9] CALVO, op cit., p. 1634-1635.
[10] Cf. BATINI, Tito. Memórias de um socialista congênito. Campinas: Editora Unicamp, 1991.
[11] Foram em governos do Partido Liberal, por exemplo, que a Bolívia encerrou a questão do Pacífico com o Chile em 1904 com um tratado de paz (e assim, jogou a culpa da guerra inteiramente em cima dos Republicanos) e se dispôs a aceitar mediação internacional para a questão do Chaco ao fim da década de 1920 (uma das razões pela qual o Partido Republicano deu o golpe de Estado que colocou Salamanca no poder em 1931). GUEVARA, Gustavo; HERNÁNDEZ; Juan Luis (Org.). La guerra como filigrana de la America Latina contemporánea. Buenos Aires: Editora Dunken, 2004., p. 135; CALVO, op. cit., p. 1639-1640.
[12] Para mais detalhes a respeito das políticas e interesses argentinos ao decorrer de toda a questão do Chaco, ver SILVEIRA, Helder Gordim da. Argentina X Brasil: A Questão do Chaco Boreal. Porto Alegre: Editora Edipucrs, 1997; MONIZ-BANDEIRA, op. cit. 1998.
[13] As maneiras como o governo de Getúlio Vargas impactou e foi impactado pela Guerra do Chaco foram abordadas com maior profundidade em BERMANN, Marcelo Pereira da Silva. A influência da Guerra do Chaco nas disputas político-econômicas do Brasil (1927-1938). Dissertação – Mestrado, Universidade de São Paulo, 2023.
[14] SILVEIRA, op. cit., p. 144.
[15] Especialmente em Córdoba, refúgio de boa parte dos intelectuais de esquerda da América do Sul então refugiados e importante centro das mobilizações antibélicas (STEFANONI, Pablo. “‘Guerra a la guerra’: comunismo, antiimperialismo y reformismo universitario durante la contienda del Chaco”. Revista Boliviana de Investigación, v.11, n.1, ago., 2014., p. 41).
[16] SILVEIRA, op. cit., p. 148.
[17] In. LOUREIRO, Pizarro. La Conferencia de Paz del Chaco. Rio de Janeiro: Borsoi, 1936, p. 14. Tradução nossa.
[18] BERMANN, op. cit., p. 77, 83.
[19] Idem., p. 58.
[20] Para mais detalhes sobre as consequências políticas da Guerra do Chaco para o Paraguai e para Bolívia nos 20 anos seguintes, ver ANDRADE, Everaldo de Oliveira. A Revolução Boliviana. São Paulo: Editora Unesp, 2007; COUCHONNAL, Ana. “De la guerra del Chaco a la dictadura stronista. Ascenso del actor militar en la política y el discurso nacionalista del Paraguay”. Revista Tiempo Histórico, v. 5, n. 9, Santiago, jul./dez. 2014.
[21] Cf. LAZARTE, Juan. La locura de la guerra en América, 1932, p. 61. In. GUEVARA, HERNANDEZ, op. cit., p. 116.
[22] Cf. COLLE, Elio. El drama del Paraguay, 1936, p. 157. In. Idem., p. 182.
[23] MAROF, Tristan. La tragedia del altiplano, 1934, p. 213. In. Idem., p. 176.
[24] BATINI, op. cit., p. 179.
[25] LOUREIRO, op. cit.. 10-11.
[26] MAROF, La paz del Chaco, 1935. Apud. STEFANONI, op. cit., p. 41. Tradução nossa.
[28]https://brasil.mongabay.com/2020/08/chaco-a-segunda-maior-floresta-da-america-do-sul-caminha-para-o-colapso/.
[29]https://correiodoestado.com.br/cidades/incendios-florestais-devastam-o-chaco-paraguaio-e-mobilizam/435969/.
[30]https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/rila/noticia/2024/11/18/paraguai-aponta-para-marco-de-2026-conclusao-da-ponte-da-bioceanica-na-megaestrada-que-vai-ligar-o-brasil-ao-chile.ghtml.
[31] A proeminente participação brasileira na Guerra do Paraguai estremeceu as relações entre os dois países, e a Conferência de Paz de Buenos Aires para por fim à Guerra do Chaco iniciou seu processo de restauração, o que culminou em obras como a Hidrelétrica de Itaipú e a Ponte da Amizade, conforme DORATIOTO, Francisco F. M. “As políticas da Argentina e do Brasil em relação à disputa boliviano-paraguaia pelo Chaco (1926-1938)”. In: FUNAG. A visão do outro: seminário Brasil-Argentina. Brasília, Funag, 2000..
[32]https://efe.com/pt-br/mundo-2/2025-04-11/brasil-e-paraguai-restabelecem-relacoes-apos-denuncia-de-espionagem/.
[34]https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/04/12/vamos-recuperar-nosso-quintal-diz-secretario-de-trump-sobre-america-latina.ghtml
[35]https://www.ultimahora.com/ultimos-sobrevivientes-la-guerra-del-chaco-rememoran-sus-hazanas-n3006532
[37]https://www.lanacion.com.py/espectaculo/2025/04/04/estrenan-la-obra-joayhu-ha-traicion-guerra-aja-en-homenaje-a-los-90-anos-de-la-firma-de-la-paz-del-chaco/
- Resumo
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No dia 12 de junho de 1935, foi assinado o acordo de cessar-fogo entre Paraguai e Bolívia que pôs fim às hostilidades na região do Chaco Boreal, iniciadas em 1932. Em memória dos 90 anos do encerramento do maior conflito armado internacional em continente americano do Século XX, o presente artigo busca fazer uma reflexão sobre as circunstâncias do armistício, os aspectos da paz alcançada e a necessidade de se retirar a Guerra do Chaco do ostracismo na historiografia brasileira.
Palavras-chave: América do Sul; Guerra do Chaco; paz; memória.
- Abstract
-
In june 12 of 1935, the agreed of cease-fire between Paraguay and Bolivia that put an end in the hostilities on the region of Gran Chaco, initiated in 1932, was signed. In memory of the 90 years of the closure of the biggest international armed conflict in the american continent of the 20th Century, this article seek to reflect about the circumstances of the armistice, the aspects of the reached peace and the need to put the Chaco War out of the ostracism in brazilian historiography.
Keywords: South America; Chaco War; peace; memory.
Comitê de Redação: Eduardo Cação, Giovanna Herrera, Rosa Rosa Gomes.
Conselho Consultivo: Fernando Ferreira, Lincoln Secco, Marisa Deaecto, Osvaldo Coggiola.
Publicação do GMARX (Grupo de Estudos de História e Economia Política) / FFLCH-USP
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